Estes agradecimentos, iniciados com a Festa das Papas em Póvoa da Atalaia, repetem-se, durante o fim de semana seguinte a 20 de Janeiro, em diferentes freguesias do Sul da Serra da Gardunha. Por estes dias oferecem, partilham e leiloam-se filhós ou cascoréis em Louriçal do Campo, Soalheira e no "bodo" em Lardosa. Também se honra o Santo mártir nos locais onde se ergueram capelas, como em Almaceda, Alpedrinha, Sobral do Campo ou Póvoa de Rio de Moinhos, entre outros lugares menos chegados à Serra.
É claro que estes feitos denotam uma importância peculiar reflectida na coexistência e semelhança das manifestações realizadas em sintonia nestas freguesias vizinhas.
Cestos de Filhós ou Cascoréis em celebração ao martir São Sebastião.
FOTO:Helder Carvalho Salvado
Momentos distintos com a mesma origem. Momentos de fé, num santo Sebastião, que poderão ter o dom (se não se perderem no "nevoeiro" como o rei "desejado") de criar desejo nos inúmeros "Sebastiões" que visitam estas aldeias. Visitantes atraídos por iguarias gastronómicas únicas, que se criam e recriam nas crenças, raízes e memórias seculares destas populações.
Memórias que fazem parte do imaginário colectivo das pessoas e que se revelam excelentes exemplos imateriais das tradições e da cultura local. Memórias que são contribuições significativas para a compreensão da identidade, da história e do património religioso e humano deste território.
Estas movimentações devem ser integradas e interligadas numa rede consertada que deverá posicioná-las noutras dimensões do território, funcionando como alavancas de desenvolvimento. Numa visão de "fé", sem "nevoeiros" ou "Sebastiões" com pretensões de comer tudo. Criando planos estratégicos focados naquilo que os "velhos" conceitos (recriados nestas manifestações e saberes locais) possam reflectir num crescimento sustentado e sustentável da região.
Hugo Landeiro Domingues
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